Para mim, futebol é algo diferente.
Sou Sportinguista orgulhoso. Para mim, o Sporting é o melhor clube do mundo, para lá de qualquer vitória, empate, derrota, troféu ou estatística. É um ADN nobre que vem desde a fundação do clube. Uma herança que se traduziu durante muitos anos numa forma de jogar, mandona e bela no relvado, e em jogadores de enorme categoria e técnica. Ganhar troféus, era secundário. Ficaram para outros que deles fizeram razão de existir, porque qualquer Sportinguista os dispensava com facilidade. Apenas não se abdicava da identidade do clube e da qualidade no toque com a bola. Dessa identidade se abriu uma escola de futebol que deu Ases ao mundo e ao país...
No entanto, já há algum tempo que descobri que não se vai buscar alegria ao futebol, ou qualquer outro desporto, para compensar a que nos falta na vida pessoal. Vai sempre haver uma derrota que bate fundo. Um golo sofrido, uma competição perdida. Um jogador simbólico que passa para outro clube. E se apenas temos o futebol para nos dar alegrias, ficamos sem nada. Nem isto é vida. Pelo contrário, já deixei de ver jogos de Sporting para estar com a namorada, com a família, com amigos.
Por outro lado, procuro respeitar os emblemas adversários e os seus adeptos. Sei que são a minha simetria com outras cores. A parte melhor do futebol, para mim, é a que coloquei em prática com os adeptos do Bilbao, no Bairro Alto, cada qual com seu jersey, bebendo rodadas de cerveja e tentando comunicar em portunholenglish. Trocando ganhardetes de história e lendas do clube, Sporting, Bilbao, mas até Real Madrid e Mourinho, e Barcelona... Não tenho problemas em afirmar que facilmente o faria com Benfiquistas ou Portistas, se tal fosse possível.
Para mim, futebol é o pai que leva o filho ao estádio e lhe explica porque é aquele o melhor clube do mundo. O meu pai, já falecido, levou-me ao estádio e explicou-me porque era o Sporting o maior. Se a relva era verde, jogávamos sempre em casa. Para um miúdo de 5 ou 6 anos, era o argumento decisivo... Para mim, futebol, é famílias no estádio. É estar sentado ao lado de quem torce para o outro lado, respeitando a sua derrota, sem ofender.
O que não impede de atirar a ocasional farpa ao adversário. Faço-o aqui no blog.
Porque para mim, futebol também é como os matraquilhos do liceu. Metade, saber jogar. Defender as cagadinhas do avançado adversário. Estar preparado para o imprevisto. E marcar golos com o guarda-redes, em remates fortíssimos da mão esquerda. Mas a outra metade da diversão era picar a dupla adversária. No fim do recreio ir para a sala de aula, que havia mais mundo que ficar a chorar agarrado à mesa de matecos...
Um forte abraço, 1904.
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