Porque um jornalista é um jornalista. 20 minutos depois de serem enviadas as perguntas, já Eugénio Queirós nos bombardeava com as respostas de todos os problemas existenciais no futebol nacional. Heavy Metal, FIlmes Eróticos e Bruxaria, ingredientes fundamentais numa boa entrevista sobre futebol, com um entrevistado de humor refinado, que chuta as palavras com o pé de um Bergkamp.
Cabelo do Aimar - É já habitual esta pergunta. O que acha de Pablo Aimar, e do seu longo cabelo?
Eugénio Queirós - Gosto. Faz-me lembrar o filme “Hair”.
CdA - Em Janeiro, Vieira disse que se iria recandidatar como Presidente do Benfica. O Eugénio comentou na altura que “Este Benfica de Luís Filipe Vieira já tem o software mas ainda está longe de possuir o hardware do FC Porto.“. O que quer dizer com Hardware do FC Porto?
EQ - O FC Porto é uma banda de heavy metal a competir com o conjunto Maria Albertina.
CdA - Será que esse comentário ainda se aplica à actual situação directiva do Benfica, ou a eminente derrota neste campeonato foi como um vírus que limpou o sistema operativo?
EQ - O sistema está sempre operativo.
CdA - Luís Filipe Vieira teve alguns problemas com Joaquim Oliveira nos últimos anos. Acha viável terminar o contrato com a Olivedesportos nesta altura? Se for usada como bandeira de campanha, poderá ser cumprida?
EQ - Continuo a pensar que LFV vai renovar com a Olivedesportos.
CdA - Jorge Jesus tem estado em queda livre nas sondagens benfiquistas. Acha que o treinador ainda reúne condições para se manter no Benfica sem o apoio de uma grande parte dos adeptos, ou poderemos ver o mestre da táctica no FC Porto na próxima época?
EQ - Um dia vamos vê-lo no FC Porto. Porque longos dias têm 100 anos. Quanto às condições para continuar no Benfica, tudo se resume a um número: 4 milhões de euros.
CdA - O que acha de Paulo Pereira Cristóvão? E de Godinho Lopes?
EQ - Quando era miúdo era fã dos desenhos animados do Coiote.
CdA - Em tempos, num post, o Eugénio referiu que o Apito Dourado nada mais tinha sido que um “bug no sistema”. O que quer dizer com isto?
EQ - A partir do momento em que o processo passou a estar dependente da testemunha Carolina Salgado, deixou de ser uma coisa séria e passou a ser apenas uma telenovela e, como se sabe, estas acabam sempre bem.
CdA - Qual a relevância das escutas no panorama jornalístico nacional? Não incentiva a trabalhos de pesquisa mais elaborados, ou o assunto é tão incómodo, como se viu com o seu colega Marinho Neves, que nenhum jornalista é capaz de uma análise mais aprofundada com medo de queimar o nome?
EQ - Quanto a escutas, essa é uma competência da PJ. Quanto ao Marinho Neves, não comento.
CdA - Acha que Pinto da Costa tem influência no TAS? Se foi condenado pela comissão disciplinar da Liga e pelo CJ da FPF, porque terá sido ilibado em última instância, com alteração de leis para tal?
EQ - Há uma certa diferença entre o Ricardo Costa e um certo juiz de instrução criminal que pronunciou uma testemunha por falso testemunho, tendo esta sido absolvida do crime embora muito tempo depois do arquivamento de um processo realizado com fase exatamente nesse “falso” testemunho.
CdA - Os anos 90 foram anos dominados por nomes como Guarda Abel e Tomé Mal. Quem eram estas personagens?
EQ - Não é Tomé Mal mas Tone Mau e já morreu (paz à sua alma). Quanto ao guarda Abel, é um tipo porreiro.
CdA - O jornalismo desportivo passou por momentos complicados em vários estádios nacionais. Qual o momento mais complicado que viveu com alguma direcção, dentro ou fora de um estádio, no exercício das suas funções?
EQ - O momento mais complicado foi quando fui pressionado pelo diretor do jornal A Bola no sentido de pedir desculpa a Pinto da Costa.
CdA - Existem organizações desportivas em Portugal que sabem tudo sobre os jornalistas, incluindo vida privada e suas famílias, e usam essa informação como forma de controlo de pressão ou censura? Em tempos referiu que a sua ficha no estádio das antas era das mais hilariantes. Pode explicar?
EQ - Eu não disse nada disso, você é que está a dizer. Provavelmente sabe do que está a falar. Quanto a informações sobre jornalistas, é normal mas desnecessário pois é fácil perceber quem são os cordeirinhos e quem são as ovelhas tresmalhadas.
CdA - Numa entrevista de José Eduardo Moniz a Pinto da Costa, algures nos anos 90, o presidente Portista foi confrontado com uma agressão ao Eugénio, a qual desmentiu e desvalorizou. O que sentiu nessa altura?
EQ - Na altura trabalhava no Correio da Manhã e colaborava na Gazeta dos Desportos. Acho que o PC não gostou de algo que escrevi, na Gazeta, sobre o ostracismo a que estava votado o bibota de ouro Fernando Gomes. Aconteceu num Belenenses-FC Porto. O senhor presidente quase me proporcionou um momento histórico pois quase fui levantado em ombros pelos seus capangas.
CdA - Existe um aumento de programas sobre futebol na nossa televisão. Existe algum “paineleiro” que esteja a fazer um bom trabalho de informação e análise enriquecedora, ou estamos perante meras oportunidades de propaganda clubista?
EQ - São programas de entretenimento que costumo ver pois a essa hora não são transmitidos filmes eróticos.
CdA - Os leitores da Blogosfera dividem-se muito na opinião que têm sobre si, mas o que é de consenso geral é que gosta de abordar as temáticas com alguma ironia e gozo, o que lhe custam respostas menos agradáveis em todos os seus posts. Sente-se odiado ou apenas incompreendido por quem o crítica?
EQ - Sinto-me muito amado mas ainda está para chegar o dia em que vou arranjar uma namorada à custa disso.
CdA - Há uma opinião, também generalizada, que o Eugénio é adepto do FC Porto. Sendo essa uma questão tabu, importa-se de esclarecer essa dúvida de uma vez por todas ou prefere manter segredo?
EQ - O meu clube é o Leixões. Sou sócio e adepto há 50 anos. Mas confesso que simpatizo com o Benfica.
CdA - O Eugénio tem uma relação exclusiva com o Bruxo de Fafe. Acredita mesmo nas suas previsões? Porque lhe dá tempo de antena?
EQ - Só estive com ele uma vez. Quanto ao tempo de antena, não acredito em bruxas. Mas...
CdA - A arqueologia é uma das suas paixões. Consegue encontrar algum paralelismo com a realidade do futebol nas suas investigações arqueológicas?
EQ - Só se for um paralelo.
Como excepção abrimos um espaço aos leitores para colocarem algumas questões, num post do blog que esteve online entre as 2h e as 7h do passado dia 13 de Abril, e assim premiámos os nossos leitores nocturnos. Ficam aqui algumas das perguntas, com a resposta de Eugénio Queirós.
Anónimo - O que pensa da influência da poesia de Régio na intimidade de Pinto da Costa?
EQ - O único livro que ofereci ao presidente era sobre a vida de Régio. Em contrapartida ele ofereceu-me os cinco primeiros volumes encadernados da revista Dragões.
Iorda9 – Acha que PPC seria uma boa contratação para o FC Porto?
EQ - Já lá têm um PC. Não precisam de mais um P.
Señor B - Os observadores dos árbitros são o elo mais fraco e é por eles que se condiciona actualmente as exibições dos árbitros?
EQ - Os árbitros não são condicionados, mas às vezes não têm condições para realizar um trabalho focado apenas nas leis do jogo.
ÀBenfica - Se poderia indicar um conselheiro matrimonial de qualidade.
EQ - Hesito entre o Zezé Camarinha e o John Holmes.
VaiDeMota - Com Mourinho o Aimar teria apanhado só um jogo de castigo?
EQ - Aimar não tem lugar nas equipas de Mourinho.
Anónimo - Gostaria de perguntar quantas vezes lhe "partiram a boca" ou o ameaçaram no exercício da sua actividade de jornalista? E se denunciou esses casos ou não, e se não, porquê? Para finalizar gostaria de ouvir da boca de Eugénio Queirós se se considera um jornalista livre e isento.
EQ - Ameaças, sim, algumas. Mas fui Ranger e é difícil ir mais longe. Quanto à isenção, considero um insulto se disserem que sou um jornalista isento. Se quisesse ser isento ia para um convento.
VaiDeMota - Como se explica com razoabilidade que o FC Porto com aquela equipa só tenha uma derrota enquanto é treinado por Vitor Pereira?
EQ - Estamos a falar do FC Porto, não é?
JNF - Queria peguntar ao Eugénio Queirós se, passados 4 anos, já percebeu para que servem os Paralímpicos.
EQ - Perguntem à comissão deontológica do sindicato dos jornalistas.
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